Transgénero Transexual Intersexo

Depoimentos e apoios

 

"Apoio a campanha para a despatologização das variações de identidade de género por considerar que as variações na vivência  da sexualidade em geral e da identidade sexual em particular, não devem ser consideradas do foro da patologia. A patologia poderá ser uma consequência da não intervenção. Estamos perante uma condição humana que, não sendo patológica, poderá implicar necessidade  de apoio e de intervenção, a nível médico, psicológico e/ou jurídico a fim de prevenir consequências patológicas graves."

Gabriela Moita - Psicóloga

 

 "Numa sociedade em que a instituição da heterosexualidade é central, com o consequente binarismo de género, muito há a fazer para evitar o sofrimento daqueles que não se conformam com as heteronormas. Mas isso não significa que sejam doentes; doente está uma sociedade que não consegue avançar para lá do heterocentrismo."

Anabela Rocha - Activista queer

 

“Considero a iniciativa da campanha pela despatologização das identidades trans urgente e necessária. Há múltiplas formas de viver as identidades dentro ou/e fora das normas de género. Não deve ser a sociedade a definir quais as identidades de género aceitáveis ou inaceitáveis, plasmando essas definições sociais em perturbações da identidade. Pelo contrário, uma democracia para tod@s exige que as variações das identidades de género sejam valorizadas e tratadas de forma igual. Os sistemas de género não podem ser formas acessórias de punição social e só são justos e democráticos quando afirmam a diversidade da experiência humana. O acesso aos cuidados de saúde deve ser garantido a quem por eles optar, para que a vivência das identidades de género permita condições de bem-estar físico, psicológico e social.”

João Manuel de Oliveira - investigador em estudos de género e teorias feministas

 

"A não te prives - Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais associou-se a esta campanha por combater todas as formas de discriminação, designadamente as baseadas na sexualidade e no género e por acreditar que viver em democracia passa pela construção de uma sociedade inclusiva e pela recusa sistemática do silenciamento, da repressão e da desigualdade. O respeito pelas diferentes identidades de género e as múltiplas possíveis e saudáveis vivências da sexualidade não só não podem ser tidas, porque não o são, como patologias como devem ser reconhecidas e a elas conferidas a mesma dignidade social. O direito à autodeterminação, à sexualidade, ao corpo, à escolha, à saúde,  são direitos inalienáveis de qualquer cidadão/ã. Estes devem, por isso, ser concedidos a todos/as, nomeadamente aos/às transexuais e aos/às transgéneros/as  que diariamente vivem profundas situações de injustiça e que têm sido remetidos/as para ao silenciamento e a invisibilidade. Todos ganharemos com uma sociedade livre de preconceitos e estigmas e em que a diversidade das nossas identidades seja valorizada e tida como uma fonte de crescimento e desenvolvimento."

não te prives - Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais

 

"A diversidade é um valor a defender em sociedades que se querem plurais e democráticas. Tal diversidade exige a recusa da tutela dos corpos e identidades por parte do Estado, mas também por parte da comunidade científica que teima em patologizar tudo quanto extravasa modelos dicotómicos apertados com que insistem em ler o mundo. Se é para manter a linguagem excludente dos modelos bio-médicos, apetece dizer que a patologização da transsexualidade é um sintoma claro de uma sociedade, ela sim, doente.

Direito à saúde, sim e sempre; imposição externa de rótulos médicos, não e nunca. Por isso apoio esta Campanha – pelo direito à escolha e pelo direito a um corpo que seja à medida de cada um e de cada uma."

Ana Cristina Santos, socióloga.

 

"As pessoas que vivem com o VIH também sofrem discriminações e estigmatizações sociais e, na saúde, por sermos considerados “doentes” – defendemos o reconhecimento da igualdade das minorias sexuais, como os transgéneros e transexuais, e o direito ao acesso à saúde para todos; mas não como doentes, mas sim como pessoas"

GAT - Grupo de Acção e Tratamento VIH/Sida Pedro Santos

 

“A decisão de excluir a transsexualidade do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV-TR) da Associação Americana de Psiquiatria (tipificada actualmente como uma perturbação da identidade de género) marcará, do meu ponto de vista, o início da queda de um regime transfóbico que a ciência tem ajudado a consolidar. A patologização das diferenças é um sinal de doença dos estados democráticos. Esta decisão será uma forma de reabilitar a saúde social.”

Sofia Neves – Docente e Investigadora (Instituto Superior da Maia)

 

"Mais do que o projecto liberal de igualdade entre mulheres e homens, o movimento feminista deve questionar e subverter as próprias definições de mulher e homem, criticando e denunciando o binarismo de género e a exclusão de afectos, corpos e sexualidades que este promove. Porque a patologização das identidades e o binarismo de género são dispositivos de controlo e formatação do que é ser-se mulher-homem-pessoa, a reivindicação dos feminismos deve ser a da abolição deste controlo, sem esquecer que, socialmente, tais categorias binárias existem e há que operar, também, com elas.

Porque a campanha internacional STOP PATOLOGIZAÇÃO TRANS questiona e abala tais dispositivos de controlo e o próprio sistema de género, uma associação feminista, e uma associação feminista como a UMAR, só pode subscrever e apoiar as suas reivindicações.

 

Não se trata de minimizar a importância que as equipas de saúde têm para pessoas em processos de transição nem esquecer a necessidade de um Sistema Nacional de Saúde que responda célere e eficazmente às pessoas transgénero. Trata-se, antes, do questionamento do poder definitório destas equipas e o reconhecimento de que o acompanhamento deve ser voluntário e não obrigatório."

UMAR - União Mulheres Alternativa e Resposta

 

"Enquanto profissionais de saúde, não queremos fazer parte de um sistema que marginaliza as pessoas, não lhes atribuindo qualquer poder de decisão ou escolha sobre as suas vidas e corpos. Acreditamos que devem ser os/as próprios/as a decidir se querem e precisam, ou não, de acompanhamento psiquiátrico e psicológico, não devendo este ser obrigatório. Não podemos permitir que seja exigido um parecer obrigatório da Ordem dos Médicos que aprove ou não os corpos de ninguém, ou que o Instituto de Medicina Legal necessite de fazer a verificação dos genitais de alguém. Não podemos permitir a obrigatoriedade da esterilização de transexuais masculinos!

Porque não existem razões médicas, nem científicas para a Transfobia.

Não existem razões que possam justificar que nós, profissionais de saúde continuemos a fazer parte de um Sistema de Saúde que é Transfóbico e que faz de nós policias e ditadores/as de género(s).

Não existem razões para que se continuem a operar bebés intersexo com dias ou semanas de vida, obrigando-os/as a viver num corpo que é meramente ditado pelo preconceito e pela (hetero)norma social.  

Porque enquanto profissionais de saúde, não toleramos nem podemos tolerar quaisquer discriminações face às identidades e/ou às expressões de género(s) - apoiamos o movimento STOP TRANS 2012."

Associação Médicos Pela Escolha

 

"O problema , especialmente das sociedades ocidentais/alizadas, é encararem o género de forma doentia e cega à diversidade que é facto da vivência e da experiência humanas, incluindo na identidade de género de cada pessoa, pessoal, instransmissível, e independente de hormonas, genitais, genes ou vontades alheias. Essa é a única doença, e é de uma sociedade que tem medo da emancipação das mulheres, de tudo o que não seja macho ou donzela, e que quer tornar doente, que adoece à força quem foge às categorias de género dominantes. Confundindo género e sexo, identidade e genitais, educando para uma separação de papéis entre homens e mulheres, num contexto cultural e político de supremacia masculina. Perseguindo, ocultando, reprimindo tod@s aqueles/as que não cabem nas caixinhas idealizadas do masculino e do feminino, como se as pessoas fossem resumiveis a estereótipos, como se devessemos ser todos e todas kens e barbies, e não o ser justificasse a agressão, seja do rapaz que se faz maltratar na escola porque tem traços mais "femininos", da mulher que abre caminho num meio tipicamente masculino, ou da transexual bombardeada com latas de tinta a partir de um carro numa rua do Porto. Quando não pior. Dignidade, respeito, direito à vida, é o queremos. Isso é o oposto de sermos vítimas."

Panteras Rosa – Frente de Combate à Homofobia

 

 

 

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